Demissão por Justa Causa: Direitos do Empregado

A demissão por justa causa é um assunto que gera muitas dúvidas e preocupações entre os empregados. Afinal, o que significa exatamente? Quando pode acontecer? Quais são os direitos do empregado nessa situação? Vamos descomplicar esse tema e explicar tudo o que você precisa saber sobre a demissão por justa causa.

O que é demissão por justa causa?

A demissão por justa causa é um tipo de rescisão do contrato de trabalho que ocorre quando o empregado comete uma falta grave. Essa falta precisa ser tão séria que torna impossível a continuação do vínculo empregatício. É importante entender que não é qualquer erro ou deslize que pode levar a uma demissão por justa causa. A lei brasileira define situações específicas em que esse tipo de demissão pode acontecer.

Veja: o empregador diz que o funcionário cometeu essa falha, mas esse fato pode ser alterado na justiça do trabalho.

Quando pode ocorrer uma demissão por justa causa?

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) lista no artigo 482 as situações que podem justificar uma demissão por justa causa. Vamos ver algumas delas de forma mais simples:

  1. Desonestidade: Quando o empregado age de má-fé, como roubar ou fraudar a empresa.
  2. Mau comportamento: Inclui atitudes inadequadas no ambiente de trabalho, como brigas ou assédio.
  3. Negligência: Quando o empregado não cumpre suas obrigações de propósito ou por descuido constante.
  4. Embriaguez habitual: Se o empregado vem trabalhar bêbado com frequência ou bebe durante o expediente.
  5. Violação de segredo da empresa: Compartilhar informações confidenciais da empresa com concorrentes ou outras pessoas.
  6. Indisciplina ou insubordinação: Desobedecer ordens diretas ou regras da empresa de forma grave e repetida.
  7. Abandono de emprego: Faltar ao trabalho por mais de 30 dias sem justificativa.
  8. Ofensas físicas ou morais: Agredir fisicamente ou verbalmente colegas, chefes ou clientes no ambiente de trabalho.
  9. Prática constante de jogos de azar: Apostar dinheiro em jogos durante o horário de trabalho.

É importante lembrar que essas situações precisam ser graves e comprovadas. Um único atraso ou uma discussão isolada geralmente não são motivos para uma demissão por justa causa.

Como funciona o processo de demissão por justa causa?

Quando um empregador decide demitir alguém por justa causa, ele precisa seguir alguns passos importantes:

  1. Identificar a falta grave: O empregador precisa ter certeza de que o empregado cometeu uma das faltas previstas na lei.
  2. Agir rapidamente: A demissão por justa causa deve acontecer logo após a descoberta da falta. Se o empregador esperar muito tempo, pode perder o direito de usar esse motivo para a demissão.
  3. Reunir provas: É fundamental que o empregador tenha provas concretas da falta cometida. Isso pode incluir testemunhas, documentos, gravações de câmeras de segurança, entre outros.
  4. Comunicar o empregado: O empregado deve ser informado claramente sobre o motivo da demissão por justa causa.
  5. Formalizar a demissão: O empregador precisa registrar a demissão por justa causa nos documentos de rescisão do contrato de trabalho.

Quais são os direitos do empregado na demissão por justa causa?

Na demissão por justa causa, o empregado perde vários direitos que teria em uma demissão normal. No entanto, alguns direitos são mantidos:

  1. Saldo de salário: O empregado tem direito a receber o salário pelos dias trabalhados no mês da demissão.
  2. Férias vencidas: Se o empregado tiver férias acumuladas que não foram tiradas, ele tem direito a receber o valor correspondente.
  3. Salário-família: Se aplicável, o empregado recebe o valor proporcional aos dias trabalhados.
  4. Depósitos do FGTS já realizados: O empregado não perde os valores que já foram depositados em sua conta do FGTS, mas não pode sacá-los imediatamente.

É importante notar que o empregado demitido por justa causa não tem direito a:

  • Aviso prévio
  • Multa de 40% sobre o FGTS
  • Seguro-desemprego
  • 13º salário proporcional
  • Férias proporcionais

Posso contestar uma demissão por justa causa?

Sim, é possível contestar uma demissão por justa causa se você acreditar que ela foi injusta ou que não houve motivo real para isso. Nesse caso, você pode procurar a Justiça do Trabalho para tentar reverter a situação.Se você decidir contestar, é importante:

  1. Reunir provas: Junte qualquer documento, mensagem ou testemunha qeu possa ajudar a provar que a demissão por justa causa não foi justificada.
  2. Procurar orientação jurídica: Um advogado especializado em direito do trabalho pode ajudar a avaliar seu caso e orientar sobre os próximos passos.
  3. Entrar com uma ação trabalhista: Você pode pedir à Justiça do Trabalho que reveja sua demissão e, se for o caso, a transforme em uma demissão sem justa causa.
  4. Estar preparado para o processo: Ações trabalhistas podem levar tempo, então é importante ter paciência e seguir as orientações do seu advogado.

Se a Justiça decidir a seu favor, a demissão por justa causa pode ser revertida para uma demissão sem justa causa, e você terá direito a receber todas as verbas rescisórias que foram negadas inicialmente.

A demissão por justa causa “suja” minha carteira de trabalho?

Não, a demissão por justa causa não pode ser registrada na sua carteira de trabalho. A lei proíbe que o empregador faça qualquer anotação que possa prejudicar a reputação do empregado. Na carteira de trabalho, deve constar apenas a data de saída, sem mencionar o motivo da demissão. No entsnto, é importante saber que, mesmo não aparecendo na carteira de trabalho, uma demissão por justa causa pode afetar suas chances de conseguir um novo emprego se o novo empregador entrar em contato com a empresa anterior para pedir referências.

Conclusão

A demissão por justa causa é uma medida séria que deve ser aplicada apenas em situações graves e bem fundamentadas. Como empregado, é importante conhecer seus direitos e deveres para evitar situações que possam levar a esse tipo de demissão.Se você se encontrar nessa situação, lembre-se de que tem o direito de buscar orientação jurídica e, se necessário, contestar a decisão na Justiça do Trabalho. O mais importante é manter sempre uma postura profissional e ética no ambiente de trabalho, respeitando as regras da empresa e os direitos dos colegas e empregadores.

Conhecer seus direitos e responsabilidades é fundamental para construir uma carreira sólida e evitar problemas trabalhistas. Em caso de dúvidas sobre seus direitos ou sobre uma situação específica no trabalho, não hesite em buscar orientação de um advogado especializado em direito do trabalho ou do sindicato da sua categoria.

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